Governo cancela projeto da JICA com países africanos após protestos

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Tóquio – O Japão cancelou o projeto “JICA África Cidade Natal”, lançado em parceria com quatro nações africanas, após protestos da população em manifestações nas ruas e nas redes sociais.

A Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) atribuiu a decisão à disseminação de desinformação nas redes sociais, o que levou à retirada da iniciativa um mês depois de seu lançamento, segundo a mídia local.

A iniciativa “Cidade Natal da JICA na África” foi anunciada em 21 de agosto durante a Conferência Internacional de Tóquio sobre Desenvolvimento Africano, realizada em Yokohama (Kanagawa), em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores.

O objetivo era promover o intercâmbio entre quatro cidades japonesas e países africanos. No entanto, o programa foi interpretado erroneamente como uma política para incentivar a imigração africana para o Japão, gerando reação negativa e pedidos de cancelamento.

Um representante do ministério afirmou que o conteúdo do projeto era relevante. “Embora o estejamos retirando, continuaremos a promover o intercâmbio internacional de forma mais ativa.”

O programa envolvia as cidades japonesas e os países africanos parceiros: Kisarazu (Chiba) com a Nigéria; Nagai (Yamagata) com a Tanzânia; Sanjo (Niigata) com Gana; e Imabari (Ehime) com Moçambique.

Críticas e protestos

As autoridades japonesas solicitaram ao governo da Nigéria que removesse uma publicação online em que se afirmava que o Japão havia nomeado Kisarazu como “a cidade natal dos nigerianos dispostos a viver e trabalhar” e que criaria uma “categoria especial de visto”.

A postagem gerou telefonemas e e-mails de cidadãos japoneses criticando a medida. Em alguns casos, manifestantes pediram o desmantelamento da JICA.

A prefeitura de Imabari recebeu cerca de seis mil contatos de moradores contrários à iniciativa. No início de setembro, foi encontrada uma pichação com os dizeres “Pare a imigração” no banheiro feminino do prédio municipal.

Expressão “cidade natal” gerou confusão

O governo japonês precisou se pronunciar publicamente, negando que o programa tivesse relação com políticas migratórias. Mesmo assim, os protestos continuaram, e algumas cidades solicitaram formalmente ao governo central o cancelamento do projeto.

A JICA e o ministério analisaram o caso e concluíram que a iniciativa estava sobrecarregando as administrações locais. Também reconheceram que o uso da expressão “cidade natal” pode ter causado o mal-entendido de que o programa pretendia incentivar a imigração.

Em comunicado oficial, a JICA informou ter levado em consideração todas as críticas e opiniões antes de decidir pela retirada do projeto. A organização reafirmou que continuará apoiando programas de intercâmbio internacional e que “nunca promoveu iniciativas voltadas à imigração nem tem planos de fazê-lo no futuro”.

Um alto funcionário do ministério manifestou preocupação com a decisão, afirmando: “Seria problemático se isso fosse visto como uma vitória na internet”.

Atitude precipitada

Ito Masaaki, professor da Universidade Seikei e especialista em discurso online, afirmou que um dos motivos para a propagação dos rumores sobre a iniciativa pode estar relacionado ao sentimento de ansiedade entre os japoneses, segundo a emissora NHK.

Ele observou que o anúncio incorreto publicado no site do governo nigeriano contribuiu para reforçar a desinformação, levando muitos a acreditar que estavam sendo enganados.

“O discurso de que estrangeiros ameaçam vidas e consomem impostos continuou a se espalhar nas redes sociais”, explicou Ito, acrescentando que esse tipo de narrativa alimenta a percepção de que “nossa comunidade pode ser ocupada”.

Para o professor, a JICA deveria ter fornecido explicações mais detalhadas sobre suas realizações anteriores e deixado clara sua determinação em seguir com o plano. Ele concluiu: “Não é desejável modificar políticas em resposta a rumores baseados em desinformação”.

Foto: Reprodução/NHK

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