Aumento de acidentes com motoristas idosos preocupa autoridades no Japão

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Tóquio – O aumento de acidentes de trânsito provocados por motoristas idosos preocupa as autoridades japonesas. No ano passado, foram registrados 2.853 acidentes que resultaram em 74 mortes, segundo o Instituto de Pesquisa e Análise de Dados de Acidentes de Trânsito (ITARDA), de Tóquio.

Para tentar conter ocorrências desse tipo, Shu Watanabe, diretor-geral da Sociedade Japonesa de Condução Segura e Condições Médicas, oferece orientações para uma direção mais segura, conforme noticiado pelo Asahi Shimbun.

Watanabe explica que os motoristas idosos devem estabelecer regras e condições que reduzam a probabilidade de situações inesperadas. Ele cita como exemplo dirigir apenas em dias de tempo claro, em um raio de até três quilômetros de casa ou apenas em vias com boa visibilidade.

O especialista em medicina de reabilitação esclarece: “O declínio da atenção com o avanço da idade é um processo fisiológico inevitável. É importante compensar essa perda de capacidade evitando dirigir sob estresse.”

Uma análise conduzida pelas autoridades sobre os acidentes ocorridos entre 2012 e 2016 mostrou que muitos dos casos envolvendo motoristas idosos aconteceram fora das vias públicas, como estacionamentos de lojas ou pátios pagos. Curiosamente, grande parte ocorreu logo após a partida do veículo ou enquanto o carro seguia em linha reta.

Para Masahito Hitosugi, professor de medicina social da Universidade de Ciências Médicas de Shiga, o problema é evidente: “Quando se está em um estacionamento, realizam-se várias tarefas simultaneamente. É preciso observar o entorno, ajustar a velocidade e prestar atenção em vagas livres, outros veículos, pedestres e obstáculos.”

Hitosugi, que também preside o Conselho Japonês de Ciência do Trânsito, acrescenta: “A capacidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo diminui com a idade.”

Outro fator que compromete a condução é a redução da força muscular das pernas e da mobilidade do quadril. Esses fatores podem afetar as reações do motorista, especialmente ao virar o corpo para a direita para observar o entorno, mantendo o pé sobre o acelerador, o que pode levar à pressão equivocada no pedal.

Hitosugi explica: “Diferentemente dos jovens, não é fácil para as pessoas idosas reagirem rapidamente, por exemplo, soltando o pedal de imediato. O mais importante é reconhecer os próprios limites.”

Ele recomenda medidas simples, como manter o calcanhar apoiado no chão diante do pedal do freio, utilizar o movimento de arraste (creep) dos carros automáticos em manobras de baixa velocidade e praticar exercícios físicos para preservar a força muscular e a flexibilidade.

Queda no foco

O médico Watanabe destaca que dirigir exige múltiplas habilidades: executar várias tarefas, concentrar-se em uma informação específica entre muitas e alternar rapidamente o foco de atenção. O que muitos não percebem é que, durante a condução, o cérebro trabalha intensamente e o fluxo sanguíneo aumenta.

O problema é que, com o envelhecimento, esse fluxo cerebral diminui, reduzindo especialmente a capacidade de realizar tarefas simultâneas.

Watanabe explica que o cérebro reconhece o momento de acionar o freio ao ver um semáforo vermelho ou perceber perigo. Porém, devido à queda das funções cognitivas e motoras, motoristas idosos podem demorar para soltar o acelerador e mover o pé para o freio, pressionando novamente o acelerador por engano — o que pode resultar em pânico e acidentes.

Devolução da carteira de motorista

Segundo a Agência Nacional de Polícia, o número total de motoristas habilitados no Japão vem diminuindo, mas o de condutores idosos continua a crescer. Até o final de 2024 havia 7,8 milhões de motoristas com 75 anos ou mais, 1,8 vez mais que há dez anos, representando 10% de todos os condutores licenciados.

No mesmo ano, ocorreram 410 acidentes fatais causados por motoristas com 75 anos ou mais, registrando o quarto aumento anual consecutivo.

Em 2025, nos primeiros seis meses, já foram 176 acidentes desse tipo, o que equivale a quase 20% de todos os acidentes fatais.

Após tantos casos, muitos motoristas passaram a devolver voluntariamente suas habilitações. Em 2019, 350.428 motoristas entregaram suas carteiras, cerca de 60 mil a mais que no ano anterior.

Nos últimos anos, porém, o número vem diminuindo, chegando a 264.916 devoluções em 2024.

Recursos de segurança

Desde 2021, os modelos de automóveis nacionais saem de fábrica equipados com sistemas automáticos de frenagem.

Em 2022, foi criado um teste de habilidades de direção para motoristas com 75 anos ou mais que possuam histórico de infrações.

Outros avanços incluem os dispositivos de controle de aceleração contra erro de pedal (ACPE), desenvolvidos pelas montadoras. O governo tornou esse item obrigatório em veículos fabricados a partir de setembro de 2028, e em modelos importados a partir de setembro de 2029.

Foto: Banco de Imagens

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