Empresas japonesas quebram recorde de falências por falta de mão de obra e inflação

Tóquio – O Japão registrou, nos primeiros seis meses do ano fiscal de 2025, entre abril e setembro, o maior número de falências de empresas dos últimos 12 anos. Foram 5.172 casos envolvendo passivos de ¥10 milhões ou mais, segundo levantamento da Tokyo Shoko Research.
Entre os casos, 202 — um aumento de 33,7% — ocorreram por falta de trabalhadores. Especificamente, 72 foram causados pelo aumento dos custos trabalhistas, 66 pela escassez de mão de obra e 64 por demissões de funcionários.
“Aumentos salariais são necessários para combater a falta de trabalhadores, mas empresas com pouca solidez financeira estão entrando em falência por não conseguirem oferecer as mesmas condições de emprego que companhias maiores”, afirmou um representante da Tokyo Shoko Research.
A inflação foi apontada como causa em 369 falências, equivalentes a 3,9% do total — acima dos 355 casos do ano anterior, registrando alta pelo terceiro ano consecutivo.
“O aumento dos custos de importação, incluindo alimentos e energia, provocado pela desvalorização do iene, está tendo impacto significativo, especialmente em setores voltados à demanda doméstica, como o de restaurantes”, acrescentou o funcionário.
Setores mais afetados
O setor de serviços — que inclui restaurantes e hotéis — liderou as falências, com alta de 4,0% e 1.762 casos.
A construção civil registrou 1.036 falências (7,4% do total), pressionada pela alta dos preços dos materiais e pelo consequente aperto no fluxo de caixa. A agricultura, silvicultura, pesca e mineração tiveram 64 casos (alta de 10,3%), o varejo 594 (aumento de 7,6%) e o setor imobiliário 169 (crescimento de 18,1%).
Segundo a Tokyo Shoko Research, é a primeira vez em 11 anos que o número de falências no primeiro semestre de um ano fiscal ultrapassa mil casos em vários setores.
O setor financeiro e de seguros apresentou queda no número de falências pelo segundo ano consecutivo, com apenas nove registros (redução de 30,7%). A indústria de transformação também teve queda pela primeira vez em quatro anos, com 565 casos (redução de 3,4%).
O mesmo ocorreu no transporte, que apresentou retração de 6,2% em relação ao ano anterior, e em informações e comunicações, com 200 casos (queda de 11,1%), a primeira em quatro anos. O atacado registrou a primeira redução em três anos, com 564 falências (queda de 11,7%).
Somente em setembro, o número de empresas fechadas aumentou 8,1% em relação ao mesmo mês do ano anterior, chegando a 873. No entanto, o passivo total caiu 15,2%, para ¥112,47 bilhões.
Dívidas acumuladas
Empresas menores — com capital inferior a ¥10 milhões e dívidas abaixo de ¥100 milhões — responderam por mais de 70% das falências.
O passivo total deixado por empresas falidas no semestre caiu 49,6%, totalizando ¥692,7 bilhões.
Panorama regional
Das nove regiões analisadas, seis registraram aumento nas falências em relação ao mesmo período do ano anterior.
Tohoku teve 299 casos (alta de 7,1%); Chubu, 637 (3,9%); Kinki, 1.334 (3,6%); Kyushu, 472 (1,7%); Hokuriku, 124 (alta de 49,3%); e Shikoku, 102 (crescimento de 10,8%).
As regiões com queda foram Hokkaido, com 144 casos (redução de 4,0%); Kanto, 1.840 (queda de 2,0%); e Chugoku, 220 (queda de 11,6%) — as primeiras reduções em quatro anos.
Foto: Banco de Imagens
































