Ortodontista brasileira apresentará na USP sua experiência profissional no Japão

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Tóquio – A ortodontista brasileira Maristela Sayuri Inoue Arai embarcará para São Paulo na semana que vem, onde dará uma palestra na quinta-feira (26), na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP). O tema será: “Trajetória acadêmica e clínica de uma dentista brasileira no Japão: pesquisa sobre ressonância magnética dinâmica e funcional e uma visão geral do sistema de saúde japonês”.

Maristela irá acompanhada de outros profissionais japoneses, como é o caso do doutor Keiji Tsubota, que falará sobre “Desenvolvimento da Técnica Protética Estética (Técnica BTA) para Alinhamento da Linha Gengival”. Além dele, outros colegas de profissão irão, como os doutores Akemi Sakai, Akinobu Furuya e Eiichi Yoshikawa, que darão uma visão geral sobre a prática odontológica em suas clínicas.

A brasileira contou que falará sobre as possibilidades de profissionais do Brasil terem uma carreira no Japão, participando de programas de pós-graduação e sobre como obter bolsas de estudo que são oferecidas no país. Mas, em sua palestra, Maristela estará centrada também nas teses de doutorado e pós-doutorado defendidas por ela no Tokyo Kagaku Daigaku Hospital (antigo Tokyo Ika Shika Daigaku).

A tese de doutorado foi sobre “ressonância magnética dinâmica” na ortodontia. Maristela explicou que um atendimento que envolva apenas a ressonância magnética exige que não haja movimento durante a tomada da imagem, para que ela não sofra distorção. “Já na ressonância magnética dinâmica, por sua rapidez, o movimento é possível, até porque obtivemos as imagens durante a fala de um paciente”, disse.

Em odontologia, os profissionais do setor atendem pacientes fissurados, isto é, que apresentam uma fissura de origem labial, palatina ou labiopalatina. É uma má-formação congênita que afeta o lábio, o palato — que é o popular céu da boca — ou ambos. A pessoa precisa passar por uma cirurgia para corrigir a fissura, que existe entre o lábio e o palato.

O paciente fissurado necessita de intervenção multidisciplinar desde o nascimento, porque precisa de correções estruturais, já que não consegue mamar e se alimentar devido à fissura. Mesmo depois das cirurgias de correção, apresentam dificuldade na fala por causa da oclusão dentária. E, na maioria dos casos, os pacientes não conseguem movimentar a língua e a faringe de maneira correta para a geração da fala.

Esta técnica, estudada por Maristela, realiza uma avaliação das estruturas da fala simultaneamente em movimento, permitindo visualizar onde está o erro e em qual órgão. “Já que o tratamento desses pacientes envolve uma equipe multidisciplinar, a imagem dos órgãos intrabucais durante a fala auxilia os profissionais no atendimento. Esta equipe inclui o cirurgião bucomaxilofacial; o ortodontista, que vai cuidar da oclusão, que diz respeito à mastigação e indiretamente à deglutição; e, depois, o fonoaudiólogo, que instrui o paciente através do treinamento na utilização correta dos órgãos da fala e deglutição”, explica Maristela.

Já a tese de pós-doutorado de Maristela, que será citada em sua palestra na USP, foi sobre a ressonância magnética funcional, que permite a análise das ativações cerebrais no paciente. Ela deu o exemplo da pessoa com dificuldade na fala: “Com essa técnica, comprovamos que um paciente sem fissura ativa uma área do cérebro relacionada à fala. Porém, o paciente fissurado ativa a parte da fala no cérebro, mas também outras relacionadas à movimentação. Ou seja, quando ele fala, o cérebro ativa regiões mais amplas do que as necessárias ao paciente sem fissura e com fala ‘normal’”, explica.

A partir dessas análises, segundo Maristela, surgiu uma hipótese: “Considerando que o paciente realize um tratamento e treinamento corretos da fala em uma fase adequada, será que o cérebro apresentaria a plasticidade necessária para ativar somente a área da fala, como em uma pessoa sem fissura? Qual seria esta época? É um tema ainda a ser estudado, não apenas em casos relacionados à fissura, mas para fala de língua estrangeira, reabilitações, entre outros casos”, disse.

A ortodontista lembrou que, no Japão, o tratamento ortodôntico não é coberto pelo seguro de saúde, ou seja, o paciente precisa pagar o custo total. “Porém, no caso de pacientes fissurados, com defeitos congênitos com presença de problemas ósseos comprovados, o tratamento será coberto pelo seguro de saúde.” Segundo ela, esta informação pode ser encontrada na página do Ministério da Saúde do Japão.

“A grande maioria das pessoas que nasce com problemas na parte óssea pode ser afetada na área bucal e da dentição, e deve procurar um dentista, um odontopediatra ou um ortodontista para verificar a necessidade de tratamento”, recomenda.

Maristela reside no Japão há 23 anos, formou-se em Odontologia na Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, e fez pós-graduação na Faculdade de Odontologia de Bauru (São Paulo), da USP. Em outubro deste ano, ela também participará do Congresso Mundial de Ortodontia, que será sediado na cidade do Rio de Janeiro.

Foto: Maristela Sayuri Inoue Arai/Cedida
Maristela (à direita), com os profissionais que darão palestra na Universidade de São Paulo

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