Japoneses comentam megaoperação no Rio que deixou mais de 100 mortos

Rio de Janeiro/Tóquio – A imprensa japonesa, assim como veículos de outros países, repercutiu a operação policial realizada nos morros do Rio de Janeiro na terça-feira (28), que resultou na morte de 119 pessoas. A Reuters noticiou 132 mortos, com base em fontes próprias.
A polícia informou que a megaoperação teve como alvo traficantes ligados a cartéis de drogas e foi meticulosamente planejada ao longo de mais de dois meses.
No Brasil, a ação recebeu críticas e elogios. Nos portais de notícias japoneses, muitos leitores também expressaram suas opiniões em uma publicação do Yahoo, e o Portal Japão reuniu algumas delas.
Um deles comentou que, “mesmo com o risco de haver vítimas, é necessário eliminar completamente o problema pela raiz”, acrescentando que “o Japão pode ser igual, com a diferença de que os tiroteios não chamam tanta atenção”.
Outro escreveu: “Esse número de mortes não é mais resultado de uma operação policial, mas sim de um nível de conflito ou guerra civil. É isso que acontece quando armas e drogas se tornam comuns?”.
Um leitor observou: “Muitos mercenários do Brasil e da Colômbia foram lutar na guerra da Ucrânia. Quando voltam aos seus países, são contratados pelos cartéis de drogas e utilizam táticas avançadas com drones, que dificultam o trabalho das forças de segurança”.
Outros compararam o cenário mostrado pela televisão a uma guerra civil. “É praticamente uma guerra. Quando se enfrenta organizações de tráfico com tanto dinheiro, já não é função da polícia — só o exército pode lidar com isso de verdade. Pensando bem, o Japão é um país muito pacífico”, escreveu outro internauta.
Um japonês que está no Rio relatou o clima da cidade: “Ontem havia policiais por toda parte. As ruas estavam congestionadas. Ainda há uma grande blitz perto do aeroporto. E não é uma blitz pacífica; eles estão parando todos os motociclistas com armas em punho, obrigando-os a descer das motos, levantando as mãos e passando por revistas corporais e verificações de identidade”.
Outro leitor comparou o episódio a uma produção cinematográfica: “Esta é realmente uma tragédia de filme. Gostaria de saber quantos civis estão incluídos nessa contagem de mortos. A polícia estava garantindo a segurança dos civis adequadamente? Espero que este conflito não se prolongue e termine com a vitória da polícia. Espero que o Rio volte a ser seguro em breve.”
Um comentário destacou a persistência da violência na cidade: “Viajei para o Rio há 25 anos. Mesmo naquela época, o problema da criminalidade nas favelas era imenso. Quem imaginaria que continuaria até hoje?”
Outro mencionou a política do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação ao combate aos cartéis de drogas que costumam levar entorpecentes para o território norte-americano: “Essa realidade é o motivo pelo qual Trump está usando seu poder no México e na Venezuela. Entendo que há prós e contras, mas quem o critica deveria propor maneiras de reduzir os danos.”
Um leitor fez uma analogia com o Japão: “Quem é o distribuidor deste filme? Este é um incidente tão inimaginável para os japoneses que nos faz pensar: e se a Aum Shinrikyo tivesse resistido com força durante a repressão?”
A Aum Shinrikyo, traduzida como Verdade Suprema, foi uma seita japonesa responsável pelo ataque com gás sarin no metrô de Tóquio em 1995, que deixou 13 mortos, 54 feridos e outras 980 pessoas com sequelas.
Outro comentário elogiou a resposta das autoridades brasileiras: “Estou impressionado com a resposta decisiva do governo brasileiro. Espero que continuem a erradicar o crime organizado de forma completa e implacável.” A observação faz referência às decisões do governo do estado do Rio de Janeiro, comandado por Cláudio Castro. O governo federal, até o momento, recusou-se a enviar tropas do Exército para apoiar o combate ao crime organizado.
Um dos leitores destacou: “É realmente uma guerra entre a sociedade e as organizações antissociais. E a sociedade não pode se dar ao luxo de perder essa guerra. Ela precisa vencer.”
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Dezenas de corpos foram trazidos por moradores para a Praça São Lucas, zona norte do Rio
































