Fukui - O Japão poderá ter seis itens adicionados à lista de Patrimônio Cultural Imaterial da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. A lista reúne festivais de quatro províncias e a inclusão do papel Echizen Torinoko, da província de Fukui, no grupo já registrado do papel washi.

A recomendação dos itens da cultura japonesa foi feita na semana passada pela Agência para Assuntos Culturais, um órgão de avaliação da Unesco. A decisão formal deverá ser tomada na reunião do Comitê Intergovernamental da Unesco, que acontecerá em Nova Delhi, na Índia, de 8 a 13 de dezembro.

A Agência analisou o pedido apresentado pelo governo japonês em 2024, que incluía os seguintes itens:

Festival Onsen de Hitachi, Otsu, Ibaraki
O Festival Onsen de Hitachi celebra as águas termais da região de Otsu, em Hitachi, reunindo moradores e visitantes em eventos culturais, apresentações artísticas e atividades ligadas ao bem-estar. A programação costuma incluir procissões tradicionais, música, dança e cerimônias que destacam a importância histórica das fontes termais para a comunidade local.

Festival Yatai de Murakami, Niigata
O Festival Yatai de Murakami é marcado pelo desfile de carros alegóricos conhecidos como yatai, ricamente decorados com lanternas, esculturas e ornamentos tradicionais. Os moradores conduzem os carros pelas ruas ao som de tambores e flautas, criando um espetáculo noturno. É um dos eventos culturais mais representativos de Murakami, com forte participação das famílias locais.

Festival de Carros Alegóricos do Santuário Hojotsu Hachiman
Este festival é dedicado ao Santuário Hojotsu Hachiman e apresenta carros alegóricos que representam elementos religiosos e lendas da região. Os carros são conduzidos pelas equipes do bairro e acompanhados por música festiva, oferendas e rituais xintoístas. O evento preserva tradições antigas e reforça a ligação da comunidade com o santuário.

Festival Tsukiyama, Toyama
O Festival Tsukiyama é conhecido pelos grandes carros decorados e pelas danças tradicionais realizadas em torno deles. Os habitantes da cidade participam ativamente da montagem e do desfile, criando um ambiente festivo nas ruas. O festival valoriza o artesanato local, a música típica e o espírito comunitário característico das celebrações tradicionais de Toyama.

Festival de Carros Alegóricos de Otsu, Shiga
O Festival de Carros Alegóricos de Otsu apresenta grandes estruturas móveis chamadas hikiyama, construídas com detalhes artísticos e peças históricas. Cada carro representa uma história ou mito regional e é acompanhado por apresentações musicais e teatrais. A cidade de Otsu é reconhecida por preservar cuidadosamente essas peças, consideradas patrimônio cultural local.

O Japão incluiu no pedido a produção de mesas de tecelagem manual, que faz parte do processo de fabricação de tatames. Essa atividade poderá ser adicionada à lista de patrimônio cultural imaterial como habilidades de artesãos arquitetônicos tradicionais. O governo japonês também já solicitou a inclusão da caligrafia como nova categoria candidata ao registro, cuja análise está prevista para 2026.

Papel de Fukui

O Echizen Torinoko é um tipo de papel tradicional produzido na região de Echizen, em Fukui, reconhecida há mais de 1.500 anos como um dos berços da fabricação artesanal de papel no Japão. Ele pertence ao washi, o papel japonês feito manualmente com fibras naturais. Os artesãos locais mantêm técnicas tradicionais transmitidas por gerações, utilizando processos naturais que preservam a qualidade e a textura características do washi.

O Echizen Torinoko é conhecido pela superfície lisa, durabilidade elevada e resistência ao tempo. Apesar de fino, é firme e tem toque delicado, sendo valorizado em usos artísticos e em documentos que exigem longa conservação. Sua fabricação utiliza fibras de kozo, planta da amoreira empregada no washi tradicional. O preparo das fibras, a filtragem e a secagem ao sol mantêm a aparência e a textura típicas do papel japonês artesanal.

Esse papel é usado em caligrafia, gravuras, restauração de obras, pintura tradicional, impressão de alta qualidade e documentos que precisam de longa vida útil, oferecendo acabamento homogêneo para técnicas artísticas.

Importante reconhecimento

Mas quais são as vantagens de ter alguns bens culturais reconhecidos como patrimônios imateriais? São vários os motivos:

Reconhecimento internacional
O registro na Unesco amplia a visibilidade mundial da tradição, prática ou técnica cultural. Esse reconhecimento fortalece a legitimidade do bem e valoriza sua importância histórica e social para além das fronteiras do país.

Proteção e preservação
A inclusão incentiva ações de preservação, já que governos e comunidades passam a adotar políticas públicas, programas educacionais e investimentos específicos para garantir a continuidade da prática. O registro não é apenas simbólico, ele orienta estratégias de salvaguarda.

Transmissão às novas gerações
O status de patrimônio imaterial estimula a continuidade da prática cultural entre jovens, já que o reconhecimento internacional reforça seu valor e cria interesse pela manutenção da tradição. Também ajuda a documentar e registrar técnicas que poderiam se perder.

Fortalecimento das comunidades locais
O patrimônio imaterial está sempre ligado a grupos e comunidades. O reconhecimento reforça o papel dessas comunidades como guardiãs da tradição, fortalece identidades culturais e contribui para a autoestima coletiva.

Benefícios econômicos e turismo cultural
Muitos bens registrados passam a atrair visitantes, pesquisadores e eventos dedicados, gerando movimentação econômica para a região. No caso de festivais, papel artesanal, artesanato e técnicas tradicionais, a visibilidade pode aumentar a procura pelos produtos e serviços associados.

Estabilidade institucional e apoio governamental
Após o registro, costuma haver maior compromisso das autoridades nacionais e locais na criação de políticas culturais, mecanismos de apoio financeiro e projetos de salvaguarda contínua.

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