Japão aposta em energia solar captada no espaço para gerar eletricidade na Terra

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Tóquio – O Japão planeja lançar ainda este ano um satélite de 180 quilos em órbita da Terra para transmitir 1 kW de energia a uma antena terrestre. Se a geração for bem-sucedida, mesmo que em pequena escala, o país pretende criar uma estrutura para captar uma quantidade maior de energia solar diretamente do espaço. O projeto foi batizado de "Ohisama", que significa “sol” em japonês.

A ideia é simples, embora complexa na execução. Em vez de usar painéis solares instalados em telhados ou fazendas solares terrestres, os cientistas planejam enviá-los ao espaço em satélites. Esses painéis captarão luz solar ininterruptamente e converterão a energia em micro-ondas ou lasers, que serão transmitidos para estações receptoras na superfície terrestre, onde serão transformadas em eletricidade, segundo o Nikkei Asia e a Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA).

O plano prevê o uso de 13 receptores distribuídos em uma área de 600 metros quadrados na cidade de Suwa, em Nagano, para captar as micro-ondas enviadas pelos painéis solares. Caso os resultados sejam satisfatórios, o governo japonês lançará satélites solares maiores para ampliar a transmissão de energia.

Um estudo recente indica que painéis solares em órbita terrestre poderiam reduzir em até 80% a demanda europeia por energia renovável até 2050. A pesquisa, conduzida pelo King’s College London, analisa um sistema que utiliza refletores semelhantes a espelhos para concentrar a luz solar no espaço e transmiti-la à Terra, onde seria convertida em eletricidade. Dessa forma, os países europeus poderiam substituir grande parte de suas fontes energéticas tradicionais.

Apesar do potencial, o projeto enfrenta desafios como o congestionamento orbital — causado por satélites e destroços de foguetes —, possíveis interrupções na transmissão e custos elevados.

O governo japonês está disposto a apoiar o envio de painéis solares gigantes de 2 km² ao espaço, capazes de gerar eletricidade de forma contínua, independentemente das condições climáticas. Estima-se que os satélites possam produzir de cinco a dez vezes mais energia que os painéis solares terrestres e alcancem uma potência de 1 milhão de kW, equivalente à de uma usina nuclear. As micro-ondas usadas no sistema também podem atravessar nuvens e chuva, garantindo o fornecimento constante.

A proposta, contudo, não é nova. Pesquisadores estudam a energia solar espacial desde a década de 1960, mas a tecnologia não era avançada nem economicamente viável até recentemente. O Japão, que tem sido líder nesse campo há anos, vê agora o avanço da transmissão sem fio e do design de satélites como o início de uma nova etapa.

Plano de governo e avanços tecnológicos

Para evitar a queda de geração durante a noite nos paineis solares tradicionais, em dias nublados ou quando estão sujos, o Japão se destaca no desenvolvimento de energia solar baseada no espaço (SBSP) e de células solares flexíveis.

De acordo com o site oficial do governo japonês, a Universidade de Kyoto lidera a pesquisa em transmissão de energia sem fio via micro-ondas, elemento central da tecnologia SBSP. Em 1990, o professor Naoki Shinohara, da instituição, foi inspirado por seu mentor Hiroshi Matsumoto, que afirmou: “A SBSP é uma tecnologia que permitirá à humanidade sobreviver pelos próximos 10 mil anos.”

O Japão vem realizando experimentos espaciais nessa área e já domina o desenvolvimento de satélites capazes de aumentar a eficiência da geração e da transmissão de energia do espaço para o solo.

Segundo Shinohara, o país planeja conduzir até o fim do ano fiscal de 2025 — que termina em março — um experimento de transmissão de energia do espaço para a Terra. O Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) realizou um teste semelhante no início do ano, mas o Japão aposta no desenvolvimento de tecnologia de controle de feixes, que permite enviar micro-ondas com alta precisão de um satélite em órbita rápida para uma antena receptora terrestre. A meta é tornar a tecnologia viável até meados deste século.

Células solares flexíveis de perovskita

Os painéis solares se espalharam rapidamente pelo Japão após o desastre nuclear de 2011, desencadeado por um terremoto e tsunami devastadores, respondendo por quase 10% da geração de energia do país no ano fiscal até abril de 2024. Mas, há um espaço limitado no Japão para abrigar grandes paineis de células solares convencionais à base de silício.

Como as células solares de perovskita (PSCs) são leves e resistentes a flexões ou distorções, elas podem ser instaladas em paredes de edifícios, janelas e tetos de carros, entre outros locais. Essas células, em formato de filme, além de leves, são flexíveis e até 100 vezes mais finas que uma célula solar de silício convencional. Elas prometem maior eficiência de produção em comparação às células solares tradicionais.

Foto: Reprodução
À esquerda: concepcão de uma fonte de energia solar emitida a partir do espaço; à direita: instalação com parede contendo célula solar de perovskita

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