Influenza avança no Japão e médicos alertam para riscos de certos remédios

Tóquio – O período de disseminação do vírus influenza já começou, segundo o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão. No ano passado, o surto teve início mais tarde, em 8 de novembro, mas neste ano a propagação foi antecipada, exigindo cuidados adicionais.
Para o médico Takahiro Inoue, de Tóquio, o aumento das viagens internacionais contribuiu para a chegada precoce do vírus ao país. Segundo ele, muitos viajantes chegam já infectados, acelerando a disseminação e antecipando o período de infecções, informou o portal Oricon News.
Os vírus ativos seguem o padrão observado todos os anos: primeiro o tipo A/H1N1, depois o A/H3N2 (conhecido como tipo Hong Kong) e, de dezembro a fevereiro, o tipo B. O A/H1N1 causa febre alta, fadiga intensa e dores musculares e nas articulações, enquanto o tipo B, mais comum no fim da temporada, tende a provocar náuseas e sintomas gastrointestinais.
A variante Ninbus, responsável por casos de Covid-19 em circulação, causa dor de garganta intensa, mas febre geralmente baixa. Já a gripe provoca febre acima de 38 °C, dor de cabeça, fadiga e dores musculares e nas articulações, seguidas por tosse e coriza.
Medicamentos que devem ser evitados
A gripe e o resfriado comum costumam melhorar em até cinco dias, mesmo sem medicamentos. O uso de analgésicos e antitérmicos pode aliviar temporariamente os sintomas, mas o tratamento deve ser iniciado nas primeiras 48 horas após o início da febre, com antivirais específicos para gripe — o que reduz o tempo de recuperação em até 24 horas, explica o médico Inoue.
Ele cita que os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como o Loxonin (loxoprofeno), devem ser evitados, pois, durante a infecção, podem em casos raros aumentar o risco de encefalopatia associada à gripe (inflamação cerebral).
O médico Takaya Tajima também alerta para o consumo de ibuprofeno e aspirina, que podem elevar o risco de encefalopatia, especialmente em crianças.
“A encefalopatia é uma condição que ocorre principalmente em crianças, cujo sistema nervoso ainda está em desenvolvimento. Elas podem apresentar confusão mental, convulsões e, em alguns casos, sequelas permanentes. Adultos raramente desenvolvem o quadro, mas recomenda-se cautela no uso de anti-inflamatórios não esteroides também para eles”, afirma Tajima.
“Para reduzir o risco, os hospitais costumam prescrever medicamentos à base de paracetamol (acetaminofeno) quando há suspeita de gripe. Mesmo que os sintomas pareçam leves, é importante verificar se o remédio não contém AINEs antes de usar.”
Quem não consegue identificar se está com gripe ou outro vírus deve recorrer à telemedicina ou a uma consulta médica presencial, especialmente se houver febre persistente (mais de cinco dias), falta de ar, fadiga extrema ou confusão mental.
Remédios contra a gripe
O médico Tajima indica os antivirais Tamiflu e Xofluza (via oral), ou os inaláveis Relenza e Inavir, que também podem ser usados como prevenção. Eles oferecem efeito protetor por cerca de dez dias e são úteis, por exemplo, quando alguém da família está doente ou no caso de estudantes em época de exames que não podem faltar às aulas.
Esses medicamentos podem ser prescritos em consulta presencial ou online, mas não são cobertos pelo seguro de saúde japonês quando utilizados de forma preventiva — o custo é particular.
Atenção com os jovens
O médico Inoue alerta que até jovens e pessoas saudáveis podem ter complicações sérias, como encefalite ou pneumonia viral ou bacteriana, caso não repousem adequadamente. Ele explica que o sistema imunológico pode reagir de forma exagerada, provocando inflamações nos pulmões ou no cérebro — um fenômeno semelhante ao observado em casos graves de Covid-19.
Ele recomenda que idosos, pessoas com doenças crônicas e pacientes sob tratamento imunossupressor procurem atendimento médico rapidamente, já que febre alta e desidratação podem agravar condições preexistentes.
Vacinar e prevenir
O médico esclarece que a vacina contra a gripe é eficaz por cerca de cinco a seis meses. Quem se vacinar agora estará protegido até o pico da temporada, previsto para fevereiro e março. Ele recomenda tomar a vacina cerca de duas semanas antes do aumento de casos, para garantir que o corpo desenvolva imunidade a tempo. Como o surto começou mais cedo este ano, também é indicado antecipar a vacinação.
Além disso, continuam válidas as medidas de prevenção básicas: lavar as mãos, usar máscara, fazer gargarejos, manter ambientes ventilados e a umidade adequada. Dormir bem, alimentar-se de forma equilibrada e evitar mudanças bruscas de temperatura são atitudes essenciais.
Caso a febre se manifeste, o Dr. Inoue reforça que buscar atendimento médico sem demora é fundamental, já que o uso rápido de antivirais é a chave para evitar complicações graves.
Foto: Banco de Imagens/IA































