Capital chinês avança na compra de resorts termais no Japão

Tóquio – Empresários chineses estão assumindo o controle de diversos estabelecimentos japoneses, como pousadas, hotéis e termas. As aquisições começaram na década de 2010, com foco em propriedades fechadas por falta de sucessores ou por outros motivos, agravados posteriormente pela pandemia de coronavírus.
Koji Furuya, 51, presidente da Associação Isawa Onsen Ryokan, em Fuefuki, na província de Yamanashi, lembra que o impacto da Covid-19 foi significativo. “Pousadas faliram e até mesmo hotéis viram seus proprietários fugir. Empresas chinesas entraram em contato com esses negócios. Então, em vez de deixar a cidade termal cair na escuridão, comecei a pensar que seria melhor ter um proprietário chinês”, publicou o Toyo Keizai Online.
Um exemplo é o Hotel Kaiji, adquirido por Sun Zhimin em 2021. Após ampla reforma, o empresário passou a promover o local na China. Atualmente, 80% dos hóspedes são chineses. Em Isawa Onsen, o chinês é um dos idiomas mais ouvidos nas ruas.
O capital chinês vem ocupando resorts regionais em declínio devido à redução populacional no Japão. Nos arredores de Isawa Onsen, os ônibus de turismo chegam e partem repletos de visitantes chineses, enquanto é raro encontrar viajantes japoneses.
Koji Furuya não vê problema na presença crescente de chineses. Ele resume: “Mesmo que isso vire uma Chinatown, é melhor que as luzes do resort de águas termais permaneçam acesas do que se transforme em uma cidade fantasma.”
A região de Isawa Onsen viveu seu auge entre as décadas de 1980 e 1990, período da bolha econômica, quando empresas promoviam viagens corporativas, festas de fim de ano e confraternizações. Após o colapso da bolha, o número de pousadas, que era de 60, caiu pela metade, e muitos estabelecimentos encerraram atividades.
O capital chinês funciona agora como uma intervenção econômica, tendo adquirido pelo menos 25% dos empreendimentos da cidade de Fuefuki. Além disso, como terrenos não podem ser comprados na China, investidores aproveitam descontos de 10% a 20% em propriedades japonesas.
O empresário chinês que comprou o Hotel Kaiji também adquiriu um hotel em Nasu (Tochigi). Ele explica que os preços dos imóveis são mais baixos no Japão do que na China. Residente no país desde 1987, afirma que as melhores qualidades japonesas — como a natureza e as fontes termais — não são suficientemente conhecidas no exterior. “Eu adoro pousadas japonesas em águas termais”, disse.
Outro empresário, Dong Baoguo, comprou o Kakyo Hotel e, com a redução de custos e mudança nos planos de hospedagem, conseguiu recuperar um negócio que estava à venda.
A prefeitura de Fuefuki acompanha a troca de comando de hotéis e pousadas locais. Segundo as autoridades, as hospedagens ficaram mais baratas do que as da região do Lago Kawaguchi, próxima ao Monte Fuji, o que atrai ainda mais turistas chineses.
Embora parte da população local demonstre preocupação e resistência, a prefeitura afirma não poder intervir, pois são transações privadas. As autoridades acreditam que, sob gestão chinesa, o aumento da arrecadação de impostos poderá impulsionar a revitalização regional.
As grandes aquisições chinesas em território japonês já somam 67 instalações em 39 localidades do país, incluindo Hakone (Kanagawa), Izu (Shizuoka), Aga (Niigata), Hakusan (Ishikawa) e Misasa (Tottori).
Foto: Banco de Imagens































