É verdade que o professor no Japão não se curva diante do imperador?

Tóquio – A história de que no Japão o professor seria o único profissional isento de se curvar diante do imperador é um mito. A informação, amplamente divulgada na internet, não tem base em fatos reais.
A Agência da Casa Imperial (Kunaicho) informa em seu site oficial que o imperador e a imperatriz recebem cientistas, educadores, artistas, diplomatas e outras personalidades, sem qualquer exceção de categoria que “não precise se curvar”.
A reverência, chamada “ojigi”, é parte essencial da etiqueta social japonesa. Embora não exista uma obrigação legal, o gesto é realizado como demonstração de respeito.
Nas escolas japonesas, é comum que, ao entrar em sala de aula, o professor seja recebido de pé pelos alunos. Um estudante designado anuncia “Rei!”, e todos fazem a reverência — inclusive o professor. O termo “rei” significa “fazer reverência”, e muitas instituições mantêm essa prática tradicional.
Originalmente, o gesto de baixar a cabeça diante de alguém de posição superior representava submissão simbólica e ausência de intenção hostil, segundo o portal Nippon. O ato de reverenciar chegou ao Japão vindo da China há mais de mil anos e foi incorporado como parte do código de etiqueta dos samurais na Idade Média, símbolo de respeito e honra.
Em contextos formais, utiliza-se o “saikeirei”, uma inclinação mais profunda, destinada a figuras de altíssima importância — como o próprio imperador —, exatamente o tipo de situação em que o gesto é apropriado.
O órgão oficial de turismo do Japão reforça que visitantes estrangeiros não são obrigados a conhecer todas as regras de reverência. Trata-se de um costume social, não de uma norma legal, o que desmonta a crença de que exista uma profissão “isenta por lei” dessa prática.
Naturalmente, o valor do professor é inquestionável. Sem professores, não haveria imperadores, bombeiros, policiais, médicos, pedreiros ou motoristas.
O boato sobre essa suposta exceção circula desde 2010 e costuma ressurgir próximo ao Dia dos Professores, celebrado em 15 de outubro, segundo o site e-Farsas.
Quanto à reverência, há diferentes formas de se curvar:
• Eshaku – forma simples usada para expressar cordialidade em situações cotidianas, com inclinação de cerca de 15°.
• Keirei – gesto comum entre amigos e familiares, realizado com inclinação de 30°.
• Saikeirei – reverência profunda reservada a autoridades e pessoas de altíssima posição social, feita com inclinação de 45°.
Na dúvida sobre qual usar, a inclinação de 30° é sempre adequada.
Foto: Canva































