Sul-coreanos criam esporte de não fazer nada em meio à pressão por produtividade

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Coreia do Sul – Na Coreia do Sul existe um esporte no qual vence quem não fizer absolutamente nada. Os competidores ficam sentados em um parque, onde devem se manter imóveis por 90 minutos. O participante que apresentar o melhor desempenho nesses requisitos é o vencedor.

O evento é chamado “Space-out competition” ou “Do nothing competition”, que significa competição de não fazer nada. A atividade, ou ausência dela, teve início em 2014. O novo “esporte” também passou a ser realizado em outros países e teve uma edição em Tóquio em 2023.

A competição foi criada em resposta à cultura extrema de produtividade, ao ritmo acelerado da vida nas cidades sul-coreanas e ao estresse que isso provoca nas pessoas.
O vencedor neste ano foi Byung-jin Park, de 36 anos, empresário da área de tecnologia e baterista de uma banda punk.

Entenda o jogo

Os participantes se inscrevem e, no dia da competição, sentam-se sobre esteiras no gramado de uma área ao ar livre.

O vencedor é aquele que mantiver a frequência cardíaca mais baixa e estável, monitorada pela organização.

As regras são simples, mas desafiadoras:
• Os participantes devem permanecer imóveis, sem dormir, por 90 minutos.
• Nenhuma atividade é permitida — é proibido usar telefone ou qualquer outro aparelho eletrônico.
• Em algumas versões, monitora-se a frequência cardíaca ou outros sinais fisiológicos para identificar o participante mais “estável” ou “quieto”.
• Quem se mexer, dormir ou usar o celular é desclassificado.

Como a disputa ocorre em locais públicos, como parques, o evento atrai espectadores. Muitas pessoas conversam, tiram fotos e observam os competidores, que permanecem imóveis e silenciosos.

Contexto sul-coreano

Assim como no Japão, o ritmo de vida na Coreia do Sul é marcado por longas jornadas de trabalho e baixos índices de lazer em comparação com outros países desenvolvidos. Nesse cenário, o esporte de “não fazer nada” surge como uma forma de protesto ou antídoto simbólico.

O evento foi criado em 2014 pelo artista Woopsyang, que buscava questionar a ideia de que descanso ou inatividade representam perda de tempo em uma sociedade altamente competitiva.
Em 2016, a revista Vice relatou que 70 pessoas participaram de uma edição da competição em um parque de Seul.

Embora pareça incomum, a proposta convida à reflexão sobre aspectos do cotidiano que muitas vezes passam despercebidos.

Um deles é a importância de desacelerar em um mundo em que a mente salta de tarefa em tarefa sem pausas. O simples ato de sentar-se sem um objetivo aparente pode ajudar a reduzir a ansiedade e, em alguns casos, estimular a criatividade e a calma.

A sociedade tende a pressionar as pessoas a fazerem sempre mais, e o esporte de não fazer nada pode abrir espaço para que os participantes busquem sua própria essência, em vez de seguir as regras impostas pela produtividade constante.

Outro ponto é o desafio físico e mental, já que permanecer imóvel por 90 minutos, sem dormir nem olhar o celular, exige disciplina.

Por não demandar esforço físico nem habilidades comuns em competições esportivas, muitos questionam o uso do termo “esporte” para descrever o evento. Seus defensores, no entanto, afirmam que o verdadeiro desafio está dentro de cada participante — em manter o controle dos pensamentos e permanecer indiferente ao que acontece ao redor.

Alguns especialistas consideram que o “não fazer nada” também pode ser entendido como uma performance social. O simples ato de ficar parado por 90 minutos, diante do olhar do público, provoca uma reflexão coletiva sobre como cada um usa o próprio tempo.

Foto: Reprodução/Space out competition

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