Shimizu Corp projeta cidade subaquática futurista ‘Ocean Spiral’ para até 5 mil pessoas

Tóquio – A Shimizu Corporation planeja construir a Ocean Spiral, uma cidade subaquática autônoma que utilizará a energia térmica das profundezas do mar para gerar eletricidade. A proposta prevê abrigar milhares de pessoas em um ambiente submerso. Você teria coragem de viver em um lugar assim?
O projeto estima que a cidade ficará ancorada em uma estrutura em espiral, com 14 quilômetros de extensão até o fundo do oceano, utilizando a tecnologia de Conversão de Energia Térmica Oceânica (OTEC), que explora o gradiente de temperatura entre as águas quentes da superfície e as correntes frias das profundezas, segundo o Mechanical Engineering World.
O sistema inovador prevê o uso de uma turbina movida por um fluido específico, aquecido pela água superficial e resfriado pelas correntes profundas, para gerar energia estável e renovável durante 24 horas por dia, independentemente das condições climáticas.
A Ocean Spiral terá capacidade de dessalinizar a água do mar para consumo, cultivar alimentos em cápsulas aquáticas fechadas e oferecer apoio a centros de pesquisa ou mesmo a moradores de longo prazo.
Tudo parece roteiro de ficção científica já visto em filmes, mas a proposta é real, garante a Shimizu Corporation, que prevê abrigar até 5.000 pessoas, segundo o site Princeea.
Estrutura em três partes
De acordo com o projeto da Shimizu, a cidade será construída em três grandes seções:
• Uma esfera submersa, logo abaixo da superfície, funcionando como centro residencial e comercial, com casas, hotéis e empresas.
• Uma espiral descendente de 15 km, ligando a esfera até a base no fundo do oceano.
• A “fábrica ecológica”, projetada para gerar energia e recursos inspirados na natureza — convertendo CO₂ em metano por microrganismos e produzindo eletricidade pela conversão térmica oceânica (OTEC).
O custo estimado é de US$ 25 bilhões (cerca de ¥3,75 trilhões). Além do alto investimento, o projeto depende de tecnologias ainda em fase de desenvolvimento. Para a Shimizu, no entanto, não se trata de um sonho impossível.
O porta-voz da empresa, Hideo Imamura, assegura que o “objetivo é real” e cita exemplos de invenções que surgiram nos desenhos animados antes de se tornarem parte da vida cotidiana, como os celulares.
A previsão é que o projeto esteja viável em até 15 anos, com apoio de universidades, empresas de energia e do governo japonês.
Energia e sustentabilidade
A tecnologia OTEC já vem sendo estudada há décadas, embora ainda seja pouco explorada. Outro recurso do projeto é a “fábrica ecológica”, que reciclaria carbono ao utilizar microrganismos para converter CO₂ em metano por digestão anaeróbica, aproveitando o gás como combustível.
Essas tecnologias existem em escala experimental. A proposta da Shimizu é reuni-las em um ecossistema autossustentável submerso. Especialistas, porém, alertam que a implementação em larga escala enfrenta desafios técnicos e financeiros.
Quem poderá viver ali?
Apesar do apelo inovador, críticos levantam uma questão: quem terá acesso à Ocean Spiral?
O especialista Christian Dimmer, da Universidade de Tóquio, teme que projetos desse tipo acabem se tornando enclaves exclusivos, distantes de um futuro democrático.
Para Dimmer, o custo trilionário em ienes pode restringir a cidade subaquática às elites, enquanto grande parte da população mundial ainda sofre com a falta de água potável, moradia e energia.
Enquanto governos e cientistas debatem sobre como lidar com o suposto aquecimento global, a Shimizu avança com a ideia de transformar o oceano em parceiro — e não em ameaça — na busca por novas formas de sobrevivência.
Foto: Reprodução/Shimizu Corporation