Por que algumas profissões no Japão afastam pretendentes amorosos?

Tóquio – No Japão, algumas profissões são consideradas “não namoráveis”, ou seja, afastam homens e mulheres de relacionamentos sérios e estáveis. As justificativas variam: “ele trabalha o fim de semana todo” ou “ela não tem dinheiro”. Pelo menos é o que apontam revistas e blogs japoneses voltados ao público masculino e feminino.
A ideia de que certas carreiras dificultam a vida amorosa não é nova, mas o tema voltou à pauta depois de ser mencionado em um programa de TV. A autora da reportagem, citada pelo site Savvy Tokyo, entrevistou 30 japoneses e japonesas, de 23 a 55 anos, para descobrir quais profissões são vistas como “não namoráveis”.
Lista dada pelas mulheres
Renda instável
Revistas femininas que entrevistaram leitoras entre o fim dos anos 1990 e o início dos anos 2000 identificaram três profissões consideradas as menos desejadas entre os homens para namorar:
• Músicos de banda, especialmente baixistas
• Bartenders
• Cabeleireiros
Esses profissionais são vistos como bonitos e bem-vestidos, mas pouco ideais como parceiros por causa dos horários irregulares, da renda instável e da fama de flertar ou sair com muitas mulheres.
Sem futuro
Outras duas profissões foram acrescentadas à lista original:
• Blogueiros (criadores de conteúdo ou influenciadores)
• “Garotos sem dinheiro”
Neste caso, “pobre” não é uma profissão, mas aparece como fator de afastamento. Os blogueiros carregam a imagem de instabilidade financeira, o que leva algumas mulheres a temer pelo futuro do casal.
Sérios e equilibrados
• Terapeutas corporais e de massagem
• Bombeiros
• Instrutores esportivos
Esses profissionais parecem sérios e equilibrados, mas, segundo algumas leitoras, representam risco de infidelidade. Têm horários irregulares e mantêm contato físico constante no trabalho.
Imprevisíveis
Outros grupos foram divididos entre os considerados de risco e os ideais. Entre os primeiros estão:
• Consultores
• Criadores (semelhantes aos blogueiros)
• Chefs ou “homens que fazem curry do zero”
São vistos como imprevisíveis, emocionalmente distantes e de horários irregulares. Também são descritos como detalhistas, autocentrados e presos às próprias regras, o que, para algumas mulheres, dificulta a convivência.
A lista dos ideais inclui:
• Confortáveis
• Comunicativos
• Cooperativos
Embora não sejam cargos ou profissões, essas são características apontadas como essenciais em um parceiro: alguém com quem se possa relaxar, conversar e dividir responsabilidades.
Lista dada pelos homens
Os homens também apontaram profissões femininas “não namoráveis”, divulgadas por revistas japonesas. Entre as menos valorizadas estão:
• Enfermeiras
• Advogadas
• Policiais
• Cabeleireiras
• Instrutoras esportivas ou massagistas
• Funcionárias administrativas
• Hostesses
• Filhas únicas bem-sucedidas profissionalmente (embora não seja uma profissão)
Para os entrevistados, cabeleireiras e instrutoras enfrentam os mesmos estereótipos de seus colegas homens. As funcionárias de escritório são vistas como “aspirantes a donas de casa”.
As hostesses, por trabalharem em clubes noturnos, são associadas a “serviços extras” para agradar clientes, o que as torna inaceitáveis para quem busca uma parceira séria.
Outras profissões são criticadas por razões práticas: “enfermeiras são ocupadas demais”, “advogadas intimidam” e “policiais correm riscos”.
As filhas únicas bem-sucedidas, que assumem sozinhas as responsabilidades familiares, foram descritas por um entrevistado como “as mais difíceis de lidar em relacionamentos”.
Má fama
Outras profissões também carregam má reputação:
• Motoristas de entrega
• Professoras de inglês
Motoristas têm rotinas longas e horários irregulares, o que gera suspeitas sobre infidelidade.
No caso das professoras de inglês, japoneses que se relacionam com estrangeiras mencionam ciúmes e desconfiança: “Muitas estrangeiras tratam o Japão como fantasia e não ficam por muito tempo”, comentou um deles.
Então, o que fazer?
Obviamente as profissões citadas e as justificativas se baseiam em percepções genéricas. Nem todos os profissionais mencionados são maus parceiros, e julgar alguém apenas pela carreira é algo absurdo.
Ainda assim, há quem diga que no Japão exista um fundo de verdade nesses estereótipos.
Uma jovem entrevistada comentou que seu irmão é bartender, uma das primeiras profissões “não namoráveis” citadas. Segundo ela, “ele é uma boa pessoa, trabalha sete dias por semana, dorme de dia e não tem tempo para namorar”.
Outra mulher contou que namorou o baterista de uma banda e descobriu depois que ele era casado e tinha dois filhos.
Uma entrevistada relatou ter namorado um corretor de imóveis, divertido, mas que sempre colocava o trabalho em primeiro lugar.
No fim, cada pessoa é única e nem sempre se encaixa nos estereótipos da própria profissão.
A decisão de namorar ou não alguém deve depender da compatibilidade e da comunicação do casal — não da ocupação. E, em alguns casos, talvez mudar de emprego? De qualquer forma, a escolha é sua.
Foto: Banco de Imagens
































