Brasileiro Lucca Bonfim é destaque no surfe e vai competir no All Japan sub-12

Shizuoka – O surfista Lucca Bonfim, de 12 anos, disputará neste mês de outubro o 59th All Japan Surfing Championship 2025, que será realizado entre os dias 11 e 18 na praia de Shizunami, cidade de Makinohara (Shizuoka). O jovem atleta vem se destacando em várias competições de surfe e, quando não conquista o primeiro lugar, marca presença no pódio.
Lucca nasceu em Hamamatsu (Shizuoka). Seus pais, Silvia, 45, e Tato, 47, também surfistas, vivem no Japão há 30 anos e residem atualmente em Iwata. Os outros dois filhos do casal, Matheus, de 24, e Giovana, de 21, também apreciam as ondas, mas não disputam campeonatos como Lucca.
Silvia conta que Tato surfava no Brasil e chegou a competir. Ele se mudou para o Japão aos 18 anos, enquanto Silvia chegou aos 14. “Acredito que estrangeiros, de modo geral, enfrentam dificuldades para surfar no Japão. A comunidade de surfistas é bastante fechada. Por isso o Lucca precisa se esforçar muito mais para provar o valor dele”, comenta.
Segundo a mãe, quando o filho começou a surfar, poucos acreditavam em seu potencial. “Inclusive muitos brasileiros não acreditavam”, recorda. Mas, à medida que Lucca conquistava bons resultados, a desconfiança foi desaparecendo.
O jovem segue um caminho diferente da maioria dos meninos brasileiros, que preferem o futebol. “Meus pais me ensinaram a surfar e andar de skate. Comecei com 3 anos e no início sentia medo, não conseguia ficar na prancha. Mas aos 5 anos criei coragem e decidi que queria ser surfista”, relata.
Ligação com o mar

O vínculo com o mar é tão forte que Silvia afirma que a família não consegue viver longe do litoral. “Se for para morar perto da praia, precisa ser em um lugar com ondas”, explica. Atualmente, a residência dos Bonfim fica a apenas cinco minutos de carro de uma praia e a quinze de outra, ambas ideais para o surfe.
Lucca surfa focado nas competições. “Quando as ondas estão boas, treino as manobras que preciso executar nas provas. Fico feliz quando consigo, porque isso garante pontos e vitórias nas baterias”, afirma.
Apesar da experiência, admite que sempre sente nervosismo antes das competições. “Fico preocupado em realizar todas as manobras exigidas e seguir as regras. Tento respirar e me acalmar, porque o número de ondas que posso pegar é limitado”, explica. Para Silvia e Tato, também é difícil controlar a ansiedade ao ver o filho se preparando. “Não falamos disso o tempo todo. Ele ainda é uma criança. Mas oramos para que tudo dê certo”, diz Silvia.
Em uma das disputas, Lucca chegou a se machucar quando a prancha bateu em seu corpo. Mesmo com dor, manteve a concentração, venceu a bateria e foi atendido em seguida.
O surfista compete desde o fim de 2023 e venceu sua primeira prova na categoria sub-12. Na ocasião, segundo Silvia, Lucca surfou ao lado do renomado Thomas Carroll, terminando por receber elogios de muitos.
“No ano seguinte, começamos a receber apoio de patrocinadores, empresas de roupas esportivas e fabricantes de pranchas. No início ele não entrou em muitas competições, porque queríamos entender como funcionava. Mas hoje ele é registrado na Nippon Surfing Association (NSA) desde os 8 anos de idade”, conta Silvia.
Único surfista na escola

Lucca cursa o sexto ano em uma escola japonesa, onde a maioria dos colegas brasileiros prefere jogar futebol. “Sou o único que surfa na escola”, diz. Silvia lembra que, no ano passado, o filho teve um professor que não ajudava. “Este ano é diferente. O professor atual sabe que ele treina muito, então permite que finalize as tarefas depois. É alguém que valoriza e respeita nossa família”, explica.
O jovem costuma treinar antes das aulas e também depois, quando as condições do mar permitem. “Se não há ondas, o combinado é brincar com os amigos. Queremos que ele viva a infância. Ele gosta de sair para comer sushi ou ir a parques”, conta Silvia. Quando o mar não oferece boas condições, a família recorre a uma piscina especial com ondas para manter os treinos.
Surfe no inverno e ídolos

Para Lucca, não há estação ruim. Mesmo no inverno, basta vestir a roupa adequada. O patrocínio de uma marca, que também apoia a seleção olímpica de surfe do Japão, garante ao jovem cinco trajes técnicos, incluindo os específicos para baixas temperaturas.
Carismático, ele se comunica bem em português, japonês e inglês, conversando com jornalistas, fãs e turistas estrangeiros nas praias, incluindo australianos e americanos.
Lucca tem como ídolos Yago Dora, Ítalo Ferreira, Gabriel Medina e Felipe Toledo. Entre os estrangeiros, admira Kelly Slater e Ethan Ewing. “Gosto muito do Yago pelas manobras radicais e pelo estilo de surfar. O Kelly Slater é incrível, ganhou o mundial onze vezes seguidas. Ele é uma lenda”, diz.
A meta de todo jovem talento é chegar ao nível de seus ídolos. Nesta semana, Lucca disputará o All Japan na categoria sub-12, representando a Seção 3 da Federação de Surfe de Shizuoka (連盟静岡3区支部).
Apesar de já contar com patrocínios de equipamentos, roupas e pranchas, Silvia reforça a necessidade de apoio extra. “Precisamos de ajuda para viagens e custos de treinamento. Empresas interessadas podem entrar em contato pelo perfil do Lucca no Instagram”, destaca. A família publicou uma vaquinha online para pessoas que desejarem ajudar.
Principais conquistas de Lucca no surfe:
- 2023 – 1º lugar no The All Shizuoka Surfing Championship – Perfect Swell
- 2024 – 2º lugar na classificação do Nacional em Shizuoka
- 2024 – 1º lugar no 42nd Surfing Contest Black Ship (Shizuoka/Izu)
- 2024 – 1º lugar no Filter Surf Room (Shizuoka/Hamamatsu)
- 2024 – 4º lugar no 4th All Shizuoka Surfing Championship
- 2024 – 1º lugar na etapa do Nacional em Izu
- 2025 – 1º lugar no 4th Anniversary Surf Stadium Shizunami (categoria Open)
- 2025 – 1º lugar no Present By Prego
- 2025 – 1º lugar na classificatória sub-12 em Shizuoka (vaga para o All Japan)
Fotos: Cedidas/Tato Bonfim
Perfil no Instagram: @luccabonfimsurf
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