Medicamento brasileiro devolve movimento a pacientes com lesão na medula espinhal

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Rio de Janeiro – Um medicamento desenvolvido no Brasil demonstrou capacidade de restaurar movimentos em pacientes que sofreram lesões na medula espinhal e ficaram paraplégicos ou tetraplégicos. A substância, chamada polilaminina, é produzida pelo Laboratório Cristália em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e representa uma nova esperança na recuperação de lesões medulares recentes.

As lesões na medula espinhal interrompem a comunicação entre o cérebro e o corpo, causando limitações severas, como paraplegia (perda dos movimentos dos membros inferiores) ou tetraplegia (comprometimento dos movimentos do pescoço para baixo). Essas lesões são geralmente provocadas por acidentes de trânsito, quedas ou mergulhos, informou a mídia local.

Nos estudos experimentais conduzidos pelos pesquisadores, dez pacientes conseguiram recuperar movimentos após o uso da polilaminina. Entre eles estão um homem de 31 anos que sofreu lesão em um acidente de trânsito, uma mulher de 27 anos que caiu de altura e um homem de 33 anos que perdeu os movimentos após ser atingido por disparo de arma de fogo.

O Laboratório Cristália aguarda a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a fase 1 dos estudos clínicos, que incluirá mais cinco pacientes e servirá para comprovar a eficácia e a segurança do tratamento. Essa etapa é essencial para que o medicamento possa ser disponibilizado em hospitais brasileiros.

Ação do medicamento

Pesquisas indicam que a proteína polilaminina é capaz de regenerar células da medula espinhal, restaurando parcial ou totalmente a mobilidade após uma lesão.

A substância é naturalmente produzida pelo corpo durante o desenvolvimento do sistema nervoso e, segundo pesquisadores da UFRJ, pode ser extraída da placenta humana.

De acordo com Tatiana Coelho Sampaio, bióloga do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ e líder do estudo, a polilaminina representa uma alternativa mais segura e acessível em comparação com terapias baseadas em células-tronco.

“Nossos estudos estão em estágio mais avançado, pois as células-tronco apresentam imprevisibilidade após a aplicação”, afirmou.

Os efeitos da polilaminina são mais significativos quando a aplicação ocorre até 24 horas após o trauma, embora também tenham sido observados bons resultados em lesões antigas. O tratamento requer apenas uma dose, seguida de fisioterapia para reabilitação.

Segundo Rogério Almeida, vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do Cristália, o laboratório comprovou com evidências robustas que o produto atende aos requisitos para ser reconhecido como medicamento, oferecendo uma alternativa viável para pacientes sem outras opções terapêuticas.

“Fornecemos ainda o produto fabricado para a continuidade dos estudos em novas aplicações”, destacou.

A próxima fase da pesquisa da UFRJ contará com a parceria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), responsável pelas cirurgias, e da AACD, que realizará o acompanhamento de reabilitação.

Bons resultados

A polilaminina, extraída da placenta humana — material normalmente descartado após o parto —, tem mostrado resultados que desafiam o que antes era considerado irreversível em casos de lesão medular.

Um dos pacientes atendidos pela equipe da UFRJ foi Bruno Drummond de Freitas, que ficou tetraplégico após um acidente de carro em 2018. Primeiro participante do tratamento experimental, ele ficou conhecido nas redes sociais como “Cobaia Zero”.

Cinco anos depois, voltou a dar passos.

“Minha gratidão eterna à UFRJ, à professora Tatiana, à minha família e a todos os envolvidos. Torço para que o tratamento seja liberado logo e ajude o máximo de pessoas no mundo”, escreveu.

O tratamento também apresentou resultados positivos em animais, incluindo cães com lesões graves que voltaram a andar e ratos que recuperaram movimentos em apenas 24 horas após a aplicação.

O mais notável é que, até o momento, não foram registrados efeitos colaterais relevantes.

No total, seis pacientes em estado crítico já apresentaram avanços significativos.

Os pesquisadores da UFRJ aguardam agora a autorização da Anvisa para ampliar os testes em grandes hospitais, como a Santa Casa e o Hospital das Clínicas de São Paulo, ambos preparados para receber novos voluntários.

A pesquisa conduzida pela UFRJ demonstra que a ciência nacional, quando voltada para o bem comum e apoiada em rigor técnico, pode transformar vidas e reescrever histórias.

Foto: Banco de Imagens

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