Japão prevê gratuidade das rodovias expressas apenas em 2115

Tóquio – O início deste mês de outubro marcou os 20 anos da privatização das quatro corporações públicas de rodovias expressas do Japão. No entanto, a prometida — e aguardada — gratuidade para os motoristas ainda está distante: segundo estimativas oficiais, ela só deverá ser concretizada daqui a 90 anos.
A privatização do setor rodoviário, em 2005, foi uma das principais medidas do então primeiro-ministro Junichiro Koizumi, que criou a Agência de Administração e Reembolso da Dívida das Rodovias Expressas do Japão (Japan Expressway Holding and Debt Repayment Agency), conforme informou o The Japan Times.
As antigas corporações públicas foram reorganizadas em seis empresas privadas:
- East Nippon Expressway
- Central Nippon Expressway
- West Nippon Expressway
- Metropolitan Expressway
- Hanshin Expressway
- Honshu-Shikoku Bridge Expressway
Quando virá a gratuidade?
Na época da decisão de Koizumi, as corporações públicas acumulavam passivos com juros que somavam ¥38 trilhões, valor reduzido para ¥30 trilhões até o final de março deste ano.
O sistema de reembolso determina que as empresas privadas sucessoras paguem taxas de arrendamento à agência estatal, com base nas receitas de pedágio, excluindo os custos operacionais.
Por terem caráter público, as rodovias deveriam se tornar gratuitas após o pagamento integral das dívidas.
Inicialmente, a meta era 2050, mas o plano foi adiado para 2065 após o colapso de lajes de concreto no Túnel Sasago, na Chuo Expressway, em 2012, que evidenciou a necessidade urgente de reparar infraestruturas envelhecidas.
Com a revisão da lei em 2023, a previsão foi novamente postergada — e agora aponta para 2115 como o prazo máximo para a gratuidade das vias expressas.
Enquanto as dívidas originais diminuem, as seis operadoras acumularam novas dívidas superiores a ¥7 trilhões, voltadas a grandes obras de renovação.
Apesar dos esforços para reduzir custos, um representante da Metropolitan Expressway afirmou que “o aumento dos preços dos materiais e dos custos de mão de obra tem pesado fortemente sobre nós”.
O comprimento total das rodovias expressas japonesas chegou a 10.328 quilômetros até o final de março deste ano, um aumento de 1.443 km desde a privatização.
Desse total, 1.850 km são trechos suscetíveis a fechamentos durante grandes desastres naturais.
Gestão dos pedágios
Outro desafio para o governo é a gestão do sistema eletrônico de pedágio (ETC).
O índice de uso do sistema subiu de 50% na época da privatização para 95% atualmente, e o fim das cabines com atendentes humanos já está em curso.
A previsão é que quase todas as praças da rede Metropolitan Expressway sejam exclusivas para ETC até a primavera de 2028.
Mas o sistema revelou falhas: em abril, um colapso no sistema ETC da Central Nippon Expressway causou transtornos por cerca de 38 horas, afetando aproximadamente 960 mil veículos.
A confusão aumentou quando a operadora pediu que os motoristas pagassem depois os pedágios não cobrados, já que não havia protocolo definido para esse tipo de situação.
Motoristas na contramão
Além das questões tecnológicas, as operadoras enfrentam outro problema: motoristas que entram por engano nas vias expressas e trafegam na contramão.
Apesar dos investimentos da última década em sinalizações eletrônicas e avisos informativos, o número anual de casos permanece em torno de 200.
Com o aumento da população idosa, as empresas estão desenvolvendo novas tecnologias preventivas, como sistemas de navegação que alertam sobre veículos na contramão e dispositivos instalados no asfalto que se erguem ao detectar carros indo na direção errada.
Foto: Banco de Imagens