Saga dos nipo-brasileiros ganha voz no documentário ‘Onde as Ondas Quebram’

Osaka – O documentário “Onde as Ondas Quebram” apresenta a trajetória dos nipo-brasileiros. A narrativa começa com a imigração japonesa iniciada em 1908, no Brasil. Posteriormente, ocorre o movimento inverso, com brasileiros indo trabalhar em fábricas no Japão, no fenômeno conhecido como dekassegui. A obra será exibida no Pavilhão Brasil até esta terça-feira (7).
A direção é de Inara Chayamiti, que iniciou a pesquisa após sua chegada ao Japão. Ela própria vivenciou o dilema de ser considerada japonesa no Brasil e estrangeira na terra de seus ancestrais.
O filme mostra a avó de Inara, que trabalha desde os nove anos de idade na colheita de algodão, verduras e arroz, entre outros. Ela relata que não tinha chinelos e pisava sobre o mato. “Trabalhei muito”, desabafa.
Em contrapartida, a avó afirma sentir felicidade ao cuidar de sua pequena horta e compartilhar com os vizinhos produtos como milho, mandioca e beterraba.
A bisavó de Inara imigrou para o Brasil em uma época em que tudo era escasso e havia falta de alimentos no Japão.
O pai da diretora também aparece no filme. Ele chegou a trabalhar no Japão, mas acabou sofrendo sequelas em uma das mãos.
Esse drama familiar representa a realidade enfrentada por muitos brasileiros que buscam oportunidades na terra de seus antepassados. Assim como ocorreu com os japoneses que imigraram para o Brasil, o sonho de prosperidade e estabilidade também se distanciou para muitos brasileiros.
Público
Com a sessão lotada, o público pôde conhecer mais profundamente a história dos nikkeis.
A moradora de Tochigi, Rina Namioka, afirmou: “Já tinha ouvido falar sobre a imigração japonesa no Brasil, mas não conhecia os detalhes. Com o filme, percebi que algumas pessoas ainda enfrentam dificuldades”.
Já a moradora de Kanagawa, Yuka Henmi, destacou que as pessoas possuem origens diversas. “O filme mostrou que alguém pode estar vivendo tranquilamente agora, mas ter passado por dificuldades no passado que nem sempre conseguimos enxergar com facilidade”, observou.
Foto: Cedida/Pavilhão Brasil